
“Os pacientes do Colônia morriam de frio, de fome, de doença. Morriam também de choque. Em alguns dias os eletrochoques eram tantos e tão fortes que a sobrecarga derrubava a rede do município. Nos períodos de maior lotação, 16 pessoas morriam a cada dia e ao morrer, davam lucro."
Autor: Daniela Arbex
O livro Holocausto Brasileiro escrito pela jornalista brasileira Daniela Arbex foi lançando em 2013, ao longo da obra a jornalista investiga e declara as barbáries ocorridas no Hospital Psiquiátrico de Barbacena, onde mais ou menos 60 mil pessoas morreram.
Nos anos de 1960 e 1980, o Colônia, como era conhecido o Hospital de Barbacena, era o depósito de pessoas indesejáveis, muitas delas sem diagnósticos de problemas mentais como mulheres estupradas, esposas traídas, homossexuais, pessoas que as vezes estavam sem identidade, entre outras. Os indivíduos residentes no hospital eram tratados de forma desumana, passavam frio, fome, não possuíam camas decentes e nem roupas para usar, além de choques elétricos. As mulheres muitas vezes passavam fezes no corpo para evitarem serem estupradas pelos enfermeiros e muitos bebiam água do esgoto que ficava a céu aberto. O hospital tinha capacidade para apenas 200 leitos porém contava com cerca de cinco mil pacientes.
(Hospital Colônia de Barbacena)

(paciente do Colônia bebendo água do esgoto)

O livro conta com diálogos e fotos sobre a vida no hospital, bem como depoimentos de pessoas que residiram no Colônia. A obra também fala sobre o descaso do Estado em relação aos conhecidos como "indesejáveis sociais".
Muitos dos cadáveres dos pacientes do Colônia foram vendidos para faculdades famosas da região de Minas Gerais. É relatado também um caso particular ocorrido no Colônia onde uma freira 'crucificou" uma das crianças, o menino estava na mesma posição de Cristo com os braços amarrados e deitado sob o sol . de quase trinta graus, o superintendente ao questionar a freira o motivo do garoto estar amarrado, ela respondeu: -Se soltar ele arranca os olhos dos outros meninos, tem mania.
Ronaldo então disse: -E quantos olhos ele já arrancou?
A freira: -Nenhum.
Situações como essa se repetiam diariamente no hospital.
Além disso os homens do hospital eram forçados a realizarem trabalho escravo como a construção de instalações, asfaltamento das ruas próximas ao hospital e o recolhimento de cadáveres.
(crianças que residiam no hospital)


As atrocidades cometidas no Colônia só começaram a diminuir com a reforma psiquiátrica em 1980. Atualmente o hospital ainda existe como manicômio e conta com aproximadamente 150 residentes que sobreviveram ao período sombrio do Colônia.
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